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Os historiadores e os paradigmas: a contribuição de Carlos Barros 

Nanci Leonzo 1   

Como citar este artigo: LEONZO, N. “Os historiadores e os paradigmas: a contribuição de Carlos Barros”, Intelligere, Revista de História Intelectual, nº8, pp. 1-19. 2019. Disponível em <https://revistas.usp.br/revistaintelligere>. Acesso em dd/mm/aaaa. 

Resumo: Não há dúvida de que Thomas S. Kuhn encorajou, com suas obras, diferentes intelectuais a questionar os cientistas e suas práticas, sobretudo no que diz respeito à utilização dos paradigmas. O historiador-cidadão espanhol Carlos Barros Guimerán é um deles, sendo o responsável pela rede digital Historia a Debate (HAD). Este artigo aborda seus escritos que sugerem um profícuo processo de reconstrução paradigmática apoiado em compromissos teóricos, metodológicos e até mesmo pessoais, todos destinados a combater o perverso mundo globalizado que nos cerca.

Palavras-chave: paradigmas, reconstrução paradigmática,  HAD, Carlos Barros, globalização.

Historians and paradigms: the contribution of Carlos Barros

Abstract: Thomas S. Kuhn’s work has definitely encouraged various scholars to questions scientists and their practices, especially concerning the use of paradigms. The Spanish historian-citizen Carlos Barros Guimerán is one of them, being responsible for the digital network History in Debate (HID) (História a Debate (HAD)). This article analyzes his writings which reflect a profitable process of paradigmatic reconstruction supported by theoretic, methodological and even personal commitments, all of which aiming to fight the evil globalized world around us.

Keywords: paradigms, paradigmatic reconstruction, HID (HAD), Carlos

Barros, globalization.

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1Possui graduação em História (Bacharelado e Licenciatura) pela Universidade de São Paulo (1971), mestrado em História Econômica pela Universidade de São Paulo (1975), doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo (1979) e Livre-Docência em Teoria da História pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professora aposentada da Universidade de São Paulo, colaboradora do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo e professora titular da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil, Historiografia Geral e do Brasil, Metodologia e Teoria da História.Suas pesquisas mais recentes relacionam-se com a história da medicina ocidental.

Em artigo publicado na coletânea organizada por Ankersmith e Kellner, o intelectual norte-americano Allan Megill destacou a importância, na segunda metade do século XX, de seu conterrâneo Thomas S. Kuhn (19221996) no que diz respeito à emergência, na história, de novos problemas, bem como de abordagens inovadoras para velhas questões. Neste particular, o físico norte-americano, que se popularizou como historiador das ciências, completa Megill, não foi superado por nenhum historiador (Megill, 1995, p.170). Desde 1962, ano de aparição, em língua inglesa, da Estrutura das Revoluções Científicas, Kuhn, apesar das inúmeras críticas recebidas, sobretudo as que dizem respeito à sua pretensa postura relativista, ocupa lugar de destaque dentre os estudiosos de várias disciplinas, dentre elas a filosofia, as ciências sociais e, em menor escala, a história, quando empenhados no desenvolvimento do conhecimento científico. Já se fala, inclusive, em uma abordagem com foco nas comunidades de pesquisadores sob uma perspectiva pós-Kuhniana, o que prova a durabilidade de suas asserções. Inaugura-se, portanto, na atualidade, uma discussão sobre a expressão “repertório”, apropriada para as ciências, as artes e os ofícios, abrangendo comportamentos e habilidades. O conceito de “repertório” permite percorrer a trilha da organização, continuidade e coerência das práticas de pesquisa científica, que Kuhn caracterizou como “ciência normal”, sem contar com a ocorrência de mudanças paradigmáticas e revoluções que levariam à identificação de componentes relevantes (Ankeny; Leonelli, 2016, pp.18-28).

Kuhn, como é sabido, introduziu, no início da década de 60 do século XX, a distinção entre dois tipos de desenvolvimento científico: o normal e o revolucionário. Assim os identificou anos depois: “A mudança revolucionária é definida, em parte, por sua diferença com respeito à mudança normal, e a mudança normal como já dito, é o tipo que resulta em crescimento, acréscimo, adição cumulativa ao que era antes conhecido”. Note-se, entretanto, que sua concepção de mudança revolucionária se tornou, ao longo do tempo, mais moderada, a ponto de afirmar que se tivesse que reescrever A Estrutura das Revoluções Científicas daria mais ênfase às alterações inerentes à linguagem do que à distinção entre ciência normal e ciência revolucionária. Também o termo paradigma merecia, em sua opinião, uma revisão. Assim, ele deveria ser substituído por matriz disciplinar, na qual se alocariam, atendendo-se às certas especificidades, paradigmas, partes de paradigmas ou paradigmáticos (Kuhn, 2006, pp. 24, 76 e 208). Tais premissas inovadoras contribuem, de certa forma, para colocá-lo à margem da acusação de que se servira, no livro acima referido, do arcabouço teórico construído pelo microbiologista e imunologista polonês Ludwik Fleck (1896-1961).

No preâmbulo da primeira tradução para o inglês do pouco conhecido livro de Fleck denominado Genesis and Development of a Scientific Fact, editado na Alemanha pela primeira vez em 1935, Kuhn admitiu que o havia lido entre 1949 e 1950 quando se preparava para transferir suas pesquisas da física para a história das ciências e, ao mesmo tempo, tendo como objetivo explorar alguns “insights” sobre o papel desempenhado no desenvolvimento científico pela emergência de ocasionais episódios não cumulativos e que já tinha rotulado como revoluções científicas. Asseverou, ainda, que o texto de Fleck permitiulhe confirmar o fato de que certos problemas, já por ele próprio identificados, tinham fundamentalmente uma dimensão sociológica. Neste preâmbulo de 1976 confessou, também, que ficou entusiasmado com as considerações do médico sobre as dificuldades encontradas na transmissão de ideias entre dois pensamentos coletivos, sobretudo sobre as possibilidades e limitações de participação em várias comunidades de pensadores. Apesar de fazer alguns reparos, após minucioso exame das considerações presentes no conjunto da obra, a qualificou como inovadora no âmbito da história das ciências (Kuhn, 1979, pp.VI-XI).

A atualidade desse livro de Fleck foi atestada, recentemente, pela pesquisadora francesa Ilana Lowy, a qual atribuiu ao sociólogo Robert Merton o impulso para sua tradução em língua inglesa em razão de suas preocupações sobre o peso da estrutura social das comunidades científicas no que tange à produção de conhecimentos (Lowy, 1994, p.8) Joyce Appleby, Lynn Hunt e Margaret Jacob forneceram evidências mais amplas sobre o assunto. Afirmaram estas estudiosas norte-americanas que a Guerra Fria e a descrença nos velhos pressupostos ainda vigentes na ciência encorajaram historiadores e filósofos a interrogar os cientistas e suas práticas. Atribuíram ao químico James B. Conant, presidente da Universidade de Harvard, o principal impulso dado, na década de 60, à história das ciências. Porém, o que este e seus seguidores não esperavam era o sucesso obtido pela tese de Kuhn sobre os fatores sociais como auxiliares nas origens das revoluções científicas, a qual se opunham através de uma visão heroica da ciência baseada no argumento de que o social representava o irracional e que somente com a proteção da lógica e da razão, filosoficamente compreendidas, seria possível salvá-la da contaminação (Appleby;  Hunt; Jacob, 1994, pp.160-166).

O livro de Fleck, que interessou em particular a Kuhn por suas referências ”à incomensurabilidade entre os estilos de pensamentos desenvolvidos por grupos de sábios”, tão logo lançado na Alemanha foi reconhecido pelos pesquisadores associados à Escola de Edimburgo, localizada no Reino Unido, como pioneiro da sociologia das ciências (Lowy, Ilana. op. cit, p.8).[1] De fato, o autor de Estrutura das Revoluções Científicas é visto, ainda nos dias atuais, como uma fonte de inspiração para os sociólogos (Gattei, 2013, pp. 423-424). E, em menor proporção, para os estudiosos da história. Jorn Rusen adotou, em suas reflexões sobre a ciência histórica alemã ocidental, os termos kuhnianos paradigma e matriz disciplinar, conceituando este último como o momento no qual “os historiadores refletem sobre os princípios da sua disciplina para fundamentar e garantir a solidez científica da pesquisa histórica e da historiografia profissional”, ainda que sob a orientação de um determinado “modelo analítico-estrutural”. A partir do questionamento da tradição historicista, localizado entre meados dos anos 60 e 70, Rusen explorou uma nova concepção da ciência histórica, na qual os historiadores se fixam na investigação e análise de problemas oriundos da relação entre a práxis existencial e o conhecimento científico (Rusen, 1987, pp.14-40). Quase na mesma época o historiador italiano Carlo Ginzburg serviu-se de Kuhn para sustentar a aparição silenciosa, no final do século XIX, de um paradigma indiciário operante e ainda não elevado à categoria de teoria. Ao desarticulá-lo, utilizando principalmente exemplos colhidos em disciplinas como a arte e a medicina, chegou à conclusão de que, em situações nas quais a realidade é opaca, existem sinais ou indícios que permitem decifrá-la. Tal revelação teria influenciado as formas de saber inerentes às ciências humanas. Contudo, Ginzburg admitiu que as regras do paradigma indiciário se apresentam, por vezes, inatingíveis e, portanto, carentes de rigor, abrindo espaço para sutilezas como o faro, o golpe de vista e a intuição (Ginzburg, 1989, pp. 143-179). Diante desta observação, é possível admitir uma certa fragilidade do modelo epistemológico proposto e que merece ser melhor explorada.

Dois dos mais importantes historiadores alemães do período posterior à II Grande Guerra, se posicionaram, de passagem, sobre as revoluções científicas, em particular sobre as concepções de Kuhn. Reinhardt Koselleck, falecido em 2006, limitou-se a afirmar que, apesar de todas as singularidades, criações geracionais e mudanças paradigmáticas, haviam demonstrações que permaneciam “cumulativamente legíveis”. Assim, era necessário levar em consideração o “cálculo de perdas”, embora estas não fossem compatíveis com os mencionados tipos de progresso do conhecimento. Por escapar do controle racional da ciência, este “cálculo” permanecia na sua retaguarda “transversalmente estendido” (Koselleck, 2015, p.318). Sem dúvida, uma crítica velada a uma possível fissura dos paradigmas kuhnianos. George Iggers, por sua vez, foi mais claro e incisivo ao afirmar que Kuhn não questionou o relacionamento entre conhecimento e realidade, como haviam feito Bachelard e Feyerabend, sob o prisma de um discurso científico racional apoiado no papel central desempenhado pela teoria linguística (Iggers, 1997, pp.119-120). Estava, contudo, neste aspecto, o alemão radicado nos Estados Unidos equivocado, pois, como já foi acima mencionado, Kuhn havia declarado que caso reescrevesse a Estrutura das Revoluções Científicas daria ênfase à linguagem.

Dreyfus e Rabinow acentuaram o fato de que Foucault não foi o primeiro a enfocar o problema das descontinuidades, isto é, de considerar a unidade através da mudança. Esta era uma questão pertinente aos historiadores da ciência. Kuhn, inspirado em Wittgenstein, havia concebido a unidade de uma comunidade científica através de uma adesão coletiva a um paradigma e não a um conjunto de crenças. Levantaram os dois norte-americanos a hipótese de que Foucault jamais mencionou Kuhn em seus escritos por ter erroneamente compreendido, como muitos na época, que um paradigma correspondia a um “quadro geral conceitual comum a todos os cientistas de uma dada disciplina”. Vistos, portanto, como casos concretos, os paradigmas funcionam, segundo Dreyfus e Rabinow, através das práticas daqueles que foram convencidos a ”ver, pensar e agir de acordo com elas” (Dreyfus; Rabinow, 2010, pp.78-79 e 101-102). É sob esta perspectiva que deve ser compreendida a iniciativa de François Furet no sentido de utilizar a expressão paradigma, sem nenhuma referência a Kuhn, no título de um artigo publicado em 1984, no qual discute o projeto de Tocqueville no que dizia respeito à América. Para ele o aristocrata francês superou Guizot na comparação entre as histórias de Inglaterra e França tomando como eixo a sociedade americana, em particular, a problemática da democracia. Esta aventura de Tocqueville, segundo Furet, não foi uma simples viagem e sim uma “trouvaille” filosófica, em razão do rigor das hipóteses e conceitos presentes, no caso, em sua correspondência particular da 2ª. e 3ª. décadas do século XIX (Furet, 1984, pp. 225-239). Não há dúvida, pois, que o renomado historiador, morto em 1996, tentou, sem êxito, inaugurar e difundir uma abordagem teórica e metodológica a ser partilhada e aceita pela comunidade de especialistas envolvidos no estudo das obras de Tocqueville. Instituir um novo paradigma analítico e interpretativo, através de uma desejável ruptura historiográfica, era, no momento, seu único propósito. Contudo, o interesse de Furet por este publicista oitocentista que tangenciava, ao mesmo tempo, segundo Raymond Aron, o pensamento sociológico e a filosofia clássica (Aron, 1960, pp. 509526), nada tinha de aleatório. A partir da segunda metade do século XX Toqueville ganhou crescente importância no cenário intelectual das humanidades francesas, obtendo reconhecimento acadêmico e convertendo-se em um dos pioneiros da política contemporânea (Lardinois, ,2000, p. 80). Furet, que ganharia notoriedade com seus estudos sobre a Revolução Francesa, integrava essa comunidade de pensadores que reunia sociólogos, filósofos e historiadores.

Já em 1979, todavia, Jacques Revel, ao estudar a trajetória dos Annales entre 1929 e 1979, fez uso dos paradigmas alegando estar diante de uma “paisagem intelectual” em constante mudança, isto é, em interrupto processo de transformação provocado pela sua abertura às inúmeras solicitações do presente. Seu propósito era provar a continuidade e a unidade do programa da publicação. Deixou claro, entretanto, sua descrença na utilidade de um paradigma geral capaz de orientá-lo na abordagem do tema, dando preferência à identificação e exploração de uma série de paradigmas particulares que se sucediam ao longo do tempo, mas não necessariamente passíveis de eliminação. Assim entendia ser possível esboçar algumas reflexões sobre as condições práticas inerentes à tarefa dos historiadores (Revel, 1979, p. 1362). Aqui, também, nenhuma referência a Kuhn. Não obstante o costumeiro silêncio no que diz respeito à menção explícita das concepções Kuhnianas em diversos trabalhos históricos e historiográficos, fica a certeza de que elas, no caso francês, tiveram o mérito de seduzir e inspirar.

Uma abordagem peculiar nessa direção é a de François Dosse, em especial no volume 2 de sua História do Estruturalismo, quando discutiu o retrocesso teórico deste paradigma dominador, isto é, o estrutural, a partir de 1975. Ao tratar do epistemólogo e filósofo francês Gilles-Gaston Granger, sucessor de Foucault, em 1986, no Collége de France, enfatizou, além do desprezo pela história, uma semelhança de sua dupla concepção sobre a evolução dos saberes com as ideias de Kuhn. Estes se manifestam em duas etapas: a da socialização, quando múltiplos paradigmas concorrem entre si, e a da ruptura, momento no qual o conhecimento passa a ser aceito como “verdadeiramente científico” Gaston Granger, cabe ainda lembrar, em cuja obra se destaca a epistemologia comparativa no quadro de uma filosofia racionalista, é uma das referências de estudiosos como Paul Veyne, Michel de Certeau e Gerard Noiriel (Dosse, 1994, pp.455 e 467-468).[2] O historiador espanhol Carlos Barros Guimerán opera, pelo menos desde 1993, ano do I Congresso Internacional de Historia a Debate, aproximando-se, em minha opinião, destas diretrizes epistemológicas, ainda que com sua evidente fidelidade ao projeto teórico de Kuhn.  Assim se expressou em 1999: “Somos grandes defensores de aplicar as teorias de Thomas S. Kuhn sobre a história da ciência à própria história, com as mudanças decorrentes do debate após o surgimento de suas propostas e de nossa própria experiência historiográfica (Barros, 1999).

Portanto, uma fidelidade teórica essencialmente dinâmica e dependente da práxis peculiar ao ofício do historiador.

Carlos Barros iniciou a difusão de seu programa historiográfico, privilegiando a relação acadêmica e o debate quando promoveu o I Congreso Internacional de Historia a Debate (HAD), realizado em 1993. HAD adquiriu o status de rede digital em 1999, assumindo, em pouco tempo, proporções surpreendentes no que diz respeito à adesão de estudiosos sediados em várias regiões do mundo. Um ano antes, fez um excelente diagnóstico da chamada crise da história, a qual identificou como ideológica, política e de valores, e observou que chegara o momento de vir à tona um novo paradigma, capaz de incorporar o sujeito mental e o social. Tal crise, sustentou, convivia com tendências globais a serem, na medida do possível, combatidas, como o retorno da “velha história” e o surgimento de abordagens pós-modernas (Barros, 1988). As atividades de HAD evoluíram, sempre sob o seu comando e de maneira significativa do ano de 1993 aos dias atuais. Foram realizados quatro Congressos Internacionais (1993, 1999, 2004 e 2010), em Santiago de Compostela, e lançado um Manifesto, complementado, poucos anos depois, com um novo documento sob o título “Defensa e ilustración del Manifesto historiográfico de Historia a Debate”, no qual Barros detalhou e atualizou seu inovador programa.

O Manifesto foi publicado em 2001 e se apresenta como uma contribuição para a construção de um paradigma comum e plural a ser adotado pelos historiadores do século XXI com o objetivo de assegurar para a história e, em particular, para sua escrita um novo tempo. É composto de XVIII itens, dentre os quais destaco, no momento, o último. Nele vincula a mudança de paradigmas às transformações históricas ocorridas após 1989, sobretudo os temerosos e já previsíveis efeitos do maligno processo de globalização. Contudo, tal Manifesto contém algo extremamente positivo: o germe da esperança configurado no desejo de mudar a elaboração da história escrita e interferir, através do debate historiográfico e da História Imediata (HI), também conhecida como História do Tempo Presente, nos diversos e inevitáveis acontecimentos que recaem sobre a história humana (Barros, 2001).

Posicionando-se como uma espécie de “observatório participativo” das mudanças de paradigmas relacionadas com o ofício do historiador, o medievalista e especialista em estudos historiográficos Carlos Barros fez com que sua rede eletrônica se tornasse, nas duas primeiras décadas do  século XXI, um espaço solidário de diálogos e debates, no qual se incluíram diferentes questões atuais latino-americanas. Surgiu, assim, um novo campo de trabalho denominado HI, principalmente no âmbito da internet, e caracterizado por linhas de investigações que incorporam reflexões e, quando possível, até mesmo conceitos. Trata-se, em resumo, segundo suas próprias palavras, da “forma mais profissional do envolvimento do historiador com o presente” norteada pelo rigor que deve integrar o compromisso ético, social e político a ser devidamente explícito no texto apresentado. Diante, entretanto, do problema da objetividade, bastante complexo nas pesquisas de temas contemporâneas, Barros recomendou uma atenção especial aos agentes históricos e aos historiadores. Preocupado, igualmente, com a habitual falsificação dos fatos históricos, manifestou-se, apresentando um significativo exemplo, contra a tendência de deixar aos jornalistas a análise do presente e, principalmente, a análise histórica do presente. Diante destes principais pressupostos acima referidos, viu como necessário o desenvolvimento de um novo paradigma, isto é, um novo consenso historiográfico composto pelas seguintes redefinições: considerar a ciência histórica como uma ciência objetiva-subjetiva e valorizar o compromisso do historiador, ampliando o conceito de interdisciplinaridade e reivindicando uma certa autonomia com relação aos editoriais, meios de comunicação e poderes públicos dirigentes (Barros, 2002). Kuhn, em razão, principalmente, de suas opções acadêmicas (física e história das ciências), não se debruçou sobre nenhum desses aspectos, os quais ganharão destaque, pela primeira vez em nível mundial, com o historiador espanhol, nascido em Vigo (Pontevedra) no ano de 1946, militante de esquerda desde a juventude e agraciado com cargos e títulos acadêmicos, dentre os quais o de Professor Titular da História Medieval da Universidade de Santiago de Compostela ( Barros, 2015).

A vertente Kuhniana se fez presente nos escritos de Carlos Barros desde a realização de seu I Congresso em 1993. Dois textos escritos publicados, pela primeira vez, entre 1994 e 1995, ilustram, com clareza, sua opção teórica: “El paradigma común de los historiadores del siglo XX”, que o autor considera como o ponto de partida do referido Manifesto, bem como a principal justificativa da existência da citada rede como “comunidade acadêmica de novo tipo”, e “La historia que viene”, divulgado em vários locais, inclusive no periódico Storia dela Storiografia e nos Cahiers du Centre de Recherches Historiques.  No primeiro, fez alguns comentários críticos ao aporte teórico do autor da Estrutura das Revoluções Científicas. Um deles, por exemplo, dizia respeito às influências externas dos fatores sociais e culturais no futuro das comunidades científicas. Para Barros, Kuhn não as negara, limitando-se a negligenciá-las. Aos historiadores caberia suprir esta espécie de falha, observando o contexto e a sincronia. Outro abrangia a tentativa de substituir, em 1969, o sentido amplo de paradigma pela noção de matriz disciplinar. Esta iniciativa não se revestira de êxito em razão da amplitude com que havia sido empregado, no conjunto de sua obra, o termo paradigma, visto ora como matriz disciplinar, ora como referência exemplar. Admitiu, porém, o intelectual espanhol que o grande mérito do físico norte-americano que aderiu à história das ciências teria sido duplo: colocar em destaque os papeis desempenhados pelas comunidades científicas e qualificar as revoluções paradigmáticas. Daí sua proposta, explícita no segundo texto, de superar a crise de identidade e de crescimento vigente, ao tempo, na história pela aplicação da teoria de Kuhn sobre o desenvolvimento histórico das ciências.4 Aqui se inicia, de maneira objetiva, a contribuição de Barros para compreensão e difusão dos paradigmas, no âmbito da história e da historiografia, e sob o lema “debate e consenso, consenso e debate” (Barros, 2004). Após criteriosa análise do paradigma plural vigente na segunda metade do século XX (Annales, marxismo e neopositivismo), Carlos Barros admitiu que, cada um a seu modo, adapta e representa, o paradigma comum, definido como “o conjunto de compromissos compartilhados por uma comunidade científica”. Em outras palavras: os

                                                        
4  “El paradigma común de los historiadores del siglo XX” e “La historia que viene”, ambos publicados      em   vários locais    e        disponíveis         em www.h-debate.com/cbarros/spanish/paradigm.htm

elementos teóricos, metodológicos e normativos, bem como as crenças e valores, que sustentam, em um determinado momento, o consenso dos especialistas. Todavia, a aceitação deste tipo de paradigma não exclui a pluralidade de enfoques, pois nunca será possível encontrar “plena homogeneidade teórica e metodológica” entre os membros da comunidade estabelecida. Os fracassos dos três paradigmas parciais acima citados, que teriam alimentado e acentuado a crise da história desde os anos 70, passaram a exigir constantes exames da realidade que nos cerca sob a ótica de novos paradigmas. Ele então se aproveitou das anomalias detectadas para sugerir a adoção de um novo consenso historiográfico, embora ciente de que, segundo Kuhn, nenhum paradigma é extinto até que seja plenamente substituído.[3]

Partindo da hipótese de que o paradigma vindouro não é e jamais será semelhante ao paradigma comum de raiz analista-marxista do século XX, Carlos Barros defendeu a aplicação de estratégias globais de investigação e divulgação dos acontecimentos da história através da reconstrução teórica do conceito de totalidade, do diálogo contínuo inter e transdisciplinar e, ainda, do combate à fragmentação interna. Após 1989, completou, predominou a incerteza, cabendo, assim, ao historiador superar este impasse demonstrando que sempre houve futuros plurais e alternativos. Escrevendo no final do século XX, preconizou que a chegada inevitável da “aldeia global”, sem a participação da história e das ciências humanas, seria “o futuro das coisas, jamais o futuro dos homens”.6

Sob essa perspectiva analítica, interpretativa e, sobretudo, vinculada aos acontecimentos coetâneos, nasceu e se expandiu, ao longo dos anos, Historia A Debate (HAD), rede latina aberta, multinacional e multilíngue, que reúne historiadores de várias nacionalidades, através de atividades presenciais e contatos digitais. Nela a influência de Kuhn é perceptível, não obstante a estratégia de Carlos Barros no sentido de propagar o debate e a construção de um “novo consenso” para a escrita da história, cabível, talvez, na prática de outras disciplinas. Para ele vem à tona, com sua proposta, um profícuo processo de “reconstrução paradigmática”, sob a denominação de historiografia de paradigmas. Três postulados a sustentam: 1) a comprovação de que as contribuições de Kuhn são válidas no âmbito da história e da historiografia; 2) o distanciamento deliberado de certas leituras deste autor, fato motivado por duas razões:  pelas contradições teóricas detectadas após uma leitura crítica dos escritos Kuhnianos e, principalmente, pelos resultados decorrentes de suas experiências como professor, pesquisador e autor consagrado na área de ciências humanas; 3) a necessidade de matizar, retificar ou mesmo superar a alternativa “analítica e epistemológica” elaborada por Kuhn no contexto norte-americano da década de 60. Este último postulado reveste-se de grande importância, tornando-se essencial para a plena compreensão do feito de Barros. Compõem-se de cinco itens: a) alertar para o fato de que expressões como paradigma, paradigma comum e paradigmas compartilhados requerem particular atenção; b) redefinir revolução científica como um processo complexo composto por rupturas e continuidades; c) revalorizar a interação entre as comunidades de especialistas e as sociedades em que estas vivem e atuam; d) sustentar a importância do debate nos períodos de ciência normal e não somente nos de crise ou ciência extraordinária; incluir, na análise histórica de paradigmas, o estado presente da disciplina, sem negligenciar suas conexões com a sociedade (movimentos), a política (partidos) e a economia (mercado) (Barros, 2004).

Três são, portanto, os principais conceitos Kuhnianos redefinidos por Carlos Barros: paradigma, comunidade de especialistas e revolução científica. Cabe aqui uma reflexão mais detalhada sobre o último (Porter, 1986, p.294).[4] Para Kuhn este compreende episódios de desenvolvimento não cumulativo, nos quais um paradigma mais antigo é total ou parcialmente substituído por um novo, tornando-se incompatível com o anterior (Kuhn, 1994, p.125). Barros, por sua vez,  dele, se diferenciou, no que tange ao citado conceito de revolução, ao intervir na atual luta de paradigmas com propostas e debates, praticando uma história imediata voltada para o futuro e onde não há espaço para “atitudes contemplativas” que visam superar a crise da história (Barros, 2004). Esta problemática, foi, de certa forma, abordada no item 4 do Manifesto de 2001 e conceituada como “ruptura e continuidade disciplinar”, em um duplo enfoque que combina os avanços disciplinares por saltos com acumulações. Ele então questionou se o novo consenso paradigmático podia compreender elementos do velho paradigma sem perder sua coerência. A resposta é negativa. O futuro do paradigma difundido por HAD, esclareceu, residia na articulação dos acontecimentos recentes da ciência e do sujeito com as contínuas necessidades oriundas da história e da historiografia. Assim, esta rede se apresenta como uma nova tendência historiográfica que permanece na dependência de fatores endógenos e exógenos, mas tem como certa uma diretriz capaz de contribuir para a compreender o ofício do historiador no século XXI. Trata-se, portanto, da existência concreta de uma comunidade profissional baseada em um consenso dinâmico. Um novo distanciamento de Kuhn se configurou na medida em que Barros introduziu, no conceito de ciência normal, a continuidade do debate, que perpassa, por exemplo, pela aceitação da convergência epistemológica objeto/sujeito. HAD, entretanto, é mais do que um foro de debate e local de encontro de historiadores comprometidos com seu ofício e as circunstâncias que os cercam. Tem como objetivo se constituir em uma ”oficina de experimentos” no campo da investigação empírica com forte conotação renovadora. Para tanto ele estabeleceu, para a rede, duas prioridades: o desenvolvimento de linhas de pesquisas convergentes com suas posições paradigmáticas e a cooperação com esforços inovadores presentes ou futuros. Três expressões sintetizam seu programa de ação caracterizado por um inegável ineditismo: redefinição, reformulação e reconstrução, práticas entrelaçadas com a concepção de que a história jamais deixará de ser uma ciência (Barros, 2003). Contudo, afirmou categoricamente que o crescimento do saber inerente a esta disciplina e o aperfeiçoamento da escrita da história não podem prescindir da democracia, vigente em um ambiente onde devem conviver a divergência e a convergência (Barros, 2004). Os paradigmas de caráter coletivo, acrescentou, apresentam rupturas e continuidades, próprias de suas respectivas comunidades acadêmicas.

HAD, conforme definiu Carlos Barros em 2013, situa-se na vanguarda da sociabilidade acadêmica global, incorporando estudiosos da história e da historiografia que atuam hoje dentro e fora do mundo intelectual latino do qual se originou[5]. Dois anos antes, na conferência plenária do IV Congreso Internacional Historia a Debate, surgiu um novo projeto: o ensino da história, tendo como eixo sua utilidade social e o compromisso do historiador no século XXI. Tal projeto foi denominado como historiografia de valores, sob clara influência da chamada “educação de valores”. Dele resultou a proposta de formação de um novo paradigma educativo, dirigido principalmente ao ensino secundário e com o objetivo de contribuir, a partir do ofício de historiador, para a didática da história e, igualmente, propor elementos para a incorporação de “um novo ponto de consenso” sobre o ensino da disciplina, já esboçado no Manifesto de 2001. Este paradigma historiográfico proposto, em total desacordo com a reforma educativa europeia[6], apoia-se, como não poderia deixar de ser tendo como autor Carlos Barros, em pressupostos Kuhnianos como os já referidos conceitos de paradigma, comunidade de especialistas e revolução científica. Nele são ressaltados os papeis desempenhados pelos alunos e, principalmente, pelos professores diante da necessidade de combinar, de um lado,  saberes e competências nos currículos e prática docente, e, de outro, competências e valores. Configura-se como uma reação à didática tradicional, condutista e empirista, que se afastou, ao longo do século XX, de duas importantes correntes renovadoras: a cognitiva-construtivista e a marxista. Importante ressaltar que o novo paradigma educativo concede um papel ativo a dois sujeitos: aos alunos, conforme diretriz construtivista, e à comunidade docente do ponto de vista intelectual e coletivo, de acordo com os ensinamentos do marxismo, ambos acrescidos do conceito de responsabilidade social construído pelo próprio Barros. Apresenta-se, portanto, como misto, comportando, necessariamente, conteúdos, competências e valores (Barros, 2007). Mas de que natureza são esses valores que ele incorpora como inovação imprescindível ao novo paradigma?

A inspiração vem dos pedagogos, que desenvolveram a “educação em valores”, e das mazelas do processo de globalização neoliberal. HAD patrocina a historiografia de valores como um ensinamento que envolve os alunos, os professores e a sociedade que temos a obrigação de servir e prestar contas. Cabe em particular aos ”historiadores-cidadãos” cultivar a tolerância, o respeito mútuo e a pluralidade, inclusive fora do exercício da profissão, sem a perda da autonomia intelectual. Esta última se opõe, no ponto de vista de Carlos Barros, à “história militante”, ao conceito gramsciano do historiador como intelectual orgânico e à história acadêmica, pretensamente revestida de total objetividade, praticada por velhos e novos positivistas. O paradigma educativo proposto para a história, a universidade e a sociedade de informação na qual vivemos parte do princípio de que os valores profissionais e os não profissionais são inseparáveis. Os segundos, porém, de natureza social, política, econômica e cultural devem orientar os primeiros. Um significativo avanço teórico ocorreu a partir do momento em que concebeu a história como uma ciência dotada de sujeito cognitivo, definição já presente no item I do Manifesto de 2001, “equiparando o investigador e seu objeto, o historiador e suas fontes”, que Barros interpretou, recorrendo a Kuhn, como uma prática não positivista da ciência que valoriza a comunidade de historiadores, pois somente a ela cabe aceitar a “verdade” resultante do processo de investigação. Pregou, ainda, a parceria da história com uma alternativa de globalização baseada nos valores de paz, solidariedade e justiça, igualdade e liberdade, educação e saúde, ecologia e gênero (Barros, 2014). Esta meta, dada sua complexidade, é, em minha opinião, extremamente ousada. Diante, por exemplo, da perversa realidade latinoamericana atual, torna-se quase inexequível. Como defender e proteger as vítimas dos agressores, bem como amparar os setores menos favorecidos da sociedade, tendo-se em vista a corrupção e o abuso de poder vigentes? Barros, é certo, obteve um relativo êxito quando, visando a “utilidade pública” da história, colocou-a, de certa maneira, em prática, combatendo, por exemplo, a historiografia franquista e neofranquista. Tal produção de natureza essencialmente acadêmica e engajada na forma e no conteúdo, recebeu acolhida e adquiriu relevância, infelizmente, em apenas alguns setores universitários progressistas. Portanto, ainda há muito que fazer e disto ele demonstra estar ciente.

Há que louvar, entretanto, o declarado engajamento de Carlos Barros, sobretudo, conforme ensinou Hobsbawm, por se basear em argumentos que contribuem para o avanço da ciência, incentivando o debate científico e lançando à luz “novos temas, novas interrogações e novos modelos de respostas (paradigmas, como os chama Kuhn)” (Hobsbawm, 2012, p.144). Como “historiador-cidadão”, ele se abre para o mundo com propostas paradigmáticas consensuais, através de eventos e da rede Historia a Debate, em busca do conhecimento, no caso histórico, historiográfico e mais recentemente educacional, conhecimento este que deve ser essencialmente compreendido como “a propriedade comum de um grupo”, caso contrário não é nada (Kuhn , 1994, p.257). Barros e os membros de sua rede atravessam, no momento, segundo Kuhn, a quem seguem com as redefinições e reformulações acima apontadas, um período de reconstrução paradigmática ávido de pesquisas convergentes necessárias à eclosão de uma revolução científica, sem, contudo, romper com a tradição, da qual se orgulham, ainda que com compreensíveis restrições. Denomina-se esta etapa, de acordo ainda com Kuhn, “tensão essencial” (Kuhn, 2011, p.243). É o que explica sua vasta produção acadêmica sobre novos paradigmas, permeada por compromissos teóricos, metodológicos e até mesmo pessoais, voltados, predominantemente, para a inserção da história e do ofício do historiador no âmago de um universo acadêmico solidário com o destino dos órfãos da globalização.

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[1] A Escola de Edimburgo acolheu dois renomados sociólogos: Berry Barnes e David Blen, cujas contribuições teóricas contribuíram para a fama da referida instituição.

[2] As reflexões de Gilles Gaston-Granger, falecido em 2016, datam de 6 de março de 1987 e a edição francesa da citada obra de Dosse veio à luz em 1991.

[3] “El paradigma comum (…)” e “La historia que viene”. Op. Cit. 6“La historia que viene”. Op. Cit.

[4] A Estrutura das Revoluções Científicas provocou, desde o seu lançamento, inúmeras críticas e intensos debates. Um curioso ponto de vista é o de Roy Porter, o qual sustenta que este clássico livro de Thomas Kuhn evocou um quase cenário trotskista de revolução permanente. Ainda mais. A obra teria provocado uma “inflação de revoluções”, da qual teriam participado historiadores de todos os tipos. Porter, Roy. The scientific revolution: a spoke in the wheel?

[5] “Circular de 12 de julio de 2013.20º. aniversario de Historia a Debate”. Disponível em www.h-debate.com

[6] Carlos Barros aqui se refere às consequências da Declaração de Bolonha, datada de 19 de junho de 1999.Para ele se trata de uma reforma educativa de caráter conservador, movida por interesses empresariais e privilegiando as competências.